Sou
um cara simplesmente apaixonado por livros, quadrinhos e livros de quadrinhos,
chamados de álbuns por muitos. Durante cerca de uns 2 ou 3 anos estive
“flertando” com um destes chamado Maus. Depois de todo esse tempo acabei
comprando o digníssimo. Posso dizer com total certeza que valeu a pena cada
tempo de expectativa, pois ele me surpreendeu. Mas nem tudo foi alegria, pois
esse livro me fez pensar uma coisa: sou um “nazista”.
Puxa
vida! Que termo pesado eu usei não?! Mas foi assim mesmo que me senti durante a
leitura. Só que o maior ponto da minha tristeza é que sinto isso por ser parte
da igreja cristã evangélica brasileira. Uma igreja que prega melhorar o mundo,
diz ser o povo eleito, proclama uma vida melhor, condena um povo.
Características que faziam parte do discurso de Hitler, que queria purificar o
mundo da raça dos judeus e provar a soberania do povo ariano.
Usando
a bíblia como pretexto, ou às vezes com uma intenção real de fazer o bem, saímos
como nazistas pelo mundo. Mas como ouso falar isso não? Quando fazemos isso? A
resposta pra mim é bem simples: saindo a noite da minha igreja, duas esquinas
pra baixo é possível se encontrar garotos e garotas de programa nas esquinas.
Quantas e quantas vezes não os julgamos inferiores, não merecedores da vida,
que somos melhores, pois afinal somos escolhidos por Deus.
No
Maus há uma metáfora muito bem elaborada onde os alemães são representados por
gatos e os judeus como ratos. Acho que aqui podemos usar a figura de um peixe
pros cristãos e um verme para as “minorias” da sociedade. E trocamos a suástica
por uma cruz romana. Acho que assim fica perfeito.
Certa
vez passaram o filme “Rent: Os Boêmios” na minha igreja. A reação da galera foi
justamente o que estou dizendo. O filme tem como personagens principais pessoas
tratadas como minorias: um casal gay, onde um deles é um travesti, um casal de
lésbicas, uma striper, um cineasta azarado e um músico frustrado que não
consegue terminar uma composição. Há também no filme outro personagem que era
amigo destes, mas casou-se com a filha do dono do prédio onde eles moram, se
tornando um traidor para eles, mas este não foi o foco da galera. O povo chiou
muito e reclamou do filme por um motivo simples: é cheio de gays aidéticos e
demora mais de duas horas pra morrer a primeira “bixa”.
A
revolta não era por ser um musical, pelo filme ser longo, mas por ter gays,
pessoas com AIDS, boêmios etc. Mas penso assim: se a igreja não suporta a
presença deles, como vai causar impacto no bairro, afinal em volta de nós é só
gente assim que temos. Perto de toda igreja que conheço tem pelo menos uns dois
bares onde estão pessoas morrendo por causa da bebida, se entregando ao jogo,
em muitos se vendendo aos clientes entre tantas outras coisas.
O
triste é que muitas vezes além de deixa-los caminharem para a perdição,
maltratamos este povo. Xingamos, desprezamos, humilhamos, desejamos mal entre
tantas coisas. Mas quando olho para Jesus, vejo ações como as dos poloneses que
construíam “bunkers” e escondiam judeus.
Tudo
bem que dizer que JC só escondia é uma heresia, afinal Ele está mais para os
aliados que livraram os judeus do martírio, mas a nós, servos dele, cabe isso.
Cuidemos dessas pessoas, pois no devido tempo, elas serão libertas pelo grande
libertador que é Cristo. Espero que a começar em mim, essa realidade tão triste
da igreja possa acabar e que ao nos apresentarmos como cristãos, as pessoas
possam ter brilho nos olhos por ver em nós uma porta para O caminho e para a
liberdade.
Mto bom, Rafa!
ResponderExcluirConcordo com seu pensamento.
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