Dessa vez o assunto não são as crianças do meu estágio
hahaha. Mas novamente crianças são o que me levou a escrever esse texto. Essa
semana que passou, comecei a lecionar numa escola da prefeitura aqui de
Campinas, num bairro periférico.
Achei a
experiência bem menos complicada do que falavam que deveria ser, mas foi também
apenas o primeiro contato que tive com aquelas crianças. Mas neste primeiro
contato, pude sentir algo que me chamou muito a atenção. É incrível a fome que
eles têm por arte, por atenção e por carinho.
A turma
do quinto ano, como já era de se esperar, é um pouco mais complicada que o
pessoal do quarto, mas foi nessa turma onde ficou mais evidente isso. Durante um
dos momentos de exaltação do som das flautas e das conversas, um dos meninos
gritou para a turma: pô, nunca tivemos aula de música e agora que temos vamos
desrespeitar o professor!?
Muitas
vezes durante minha vida, pensei como o povo de periferia gosta d música “ruim”
porque “são tudo ignorante” e pior que é verdade, mas é uma verdade triste.
Hoje em dia, percebo como eu via de modo errado essa verdade, pois via isto
como um defeito deles, sendo que na verdade é um erro dos ditos cultos.
Temos toso o acesso à cultura
dita como superior, artística, nobre etc. Mas e aí, fazemos o que com ela?
Guardamos para nós e dizemos que quem não tem é inculto, ignorante e coisas do
gênero, mas não damos nenhuma oportunidade aos outros de terem essa
oportunidade. Fechamo-nos em nichos culturais que se dizem superiores e não
permitimos que os “diferenciados” entrem.
Fiquei envergonhado de mim mesmo, mas também
penso por outro lado: quantas vezes os cristãos não fazem o mesmo? Tem a
verdade na mão, o caminho para a vida eterna e fazem o que com ela? Guardam
dentro de suas teologias, de seus templos e simplesmente rotulam os outros como
condenados ao inferno, sem ao menos darem a eles a chance de conhecerem a
verdade. Fica aí a reflexão para nós.
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