domingo, 2 de outubro de 2011

Fruto da Carência

               Dessa vez o assunto não são as crianças do meu estágio hahaha. Mas novamente crianças são o que me levou a escrever esse texto. Essa semana que passou, comecei a lecionar numa escola da prefeitura aqui de Campinas, num bairro periférico.
                Achei a experiência bem menos complicada do que falavam que deveria ser, mas foi também apenas o primeiro contato que tive com aquelas crianças. Mas neste primeiro contato, pude sentir algo que me chamou muito a atenção. É incrível a fome que eles têm por arte, por atenção e por carinho.
                A turma do quinto ano, como já era de se esperar, é um pouco mais complicada que o pessoal do quarto, mas foi nessa turma onde ficou mais evidente isso. Durante um dos momentos de exaltação do som das flautas e das conversas, um dos meninos gritou para a turma: pô, nunca tivemos aula de música e agora que temos vamos desrespeitar o professor!?
                Muitas vezes durante minha vida, pensei como o povo de periferia gosta d música “ruim” porque “são tudo ignorante” e pior que é verdade, mas é uma verdade triste. Hoje em dia, percebo como eu via de modo errado essa verdade, pois via isto como um defeito deles, sendo que na verdade é um erro dos ditos cultos.
Temos toso o acesso à cultura dita como superior, artística, nobre etc. Mas e aí, fazemos o que com ela? Guardamos para nós e dizemos que quem não tem é inculto, ignorante e coisas do gênero, mas não damos nenhuma oportunidade aos outros de terem essa oportunidade. Fechamo-nos em nichos culturais que se dizem superiores e não permitimos que os “diferenciados” entrem.
           Fiquei envergonhado de mim mesmo, mas também penso por outro lado: quantas vezes os cristãos não fazem o mesmo? Tem a verdade na mão, o caminho para a vida eterna e fazem o que com ela? Guardam dentro de suas teologias, de seus templos e simplesmente rotulam os outros como condenados ao inferno, sem ao menos darem a eles a chance de conhecerem a verdade. Fica aí a reflexão para nós.

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